Logística 4.0: guia completo para preparar a sua empresa
“Transformação digital”, “indústria 4.0”, “quarta revolução industrial”, “fábrica inteligente” — são vários os termos usados para se referir às ambições futuristas das empresas, não é? Talvez você já tenha visto algum deles em reportagens. No entanto, há um conceito especialmente importante no universo da gestão de frota, conhecido como “logística 4.0”.
Você sabe o que significa? Decidimos destrinchar o assunto, contando como se deu a evolução e quais são as melhores formas de se preparar para o que está por vir. Se você quiser ficar por dentro do assunto, continue a leitura!
O que é a logística 4.0?
Antes de saber o que é a logística 4.0, é preciso conhecer alguns conceitos. Isso porque a ideia surgiu como fruto de um movimento maior — a quarta revolução industrial. Você já vai entender o que isso significa.
A primeira coisa que é preciso ter em mente é que a quarta revolução industrial não é simbolizada pelo avanço da tecnologia, mas pela forma que a interpretamos. Essa é a ideia que o economista alemão Klaus Schwab, fundador do termo, defende.
Outro nome que talvez você veja ser usado é “indústria 4.0”. E onde entra a logística 4.0? Na prática, o conceito simboliza a importação dessas ideias para o universo da logística.
Como se deu a sua evolução?
Para entender como a logística 1.0 se tornou a 4.0, é preciso voltar um pouco no tempo. Talvez o termo “Revolução Industrial” desperte lembranças da época da escola. Surgindo no século XVIII e sendo incentivado por ideias iluministas, o acontecimento marcou a importância da inovação tecnológica e os primeiros países que adotaram também se tornaram as grandes potências da Era Moderna.
Os séculos seguintes também foram marcados por inovações. A segunda revolução industrial se inicia no século XIX e termina no início da Primeira Guerra Mundial, trazendo inovações, como o telégrafo, as ferrovias e os sistemas de esgoto.
A terceira revolução industrial você provavelmente vai ver com mais frequência sendo chamada de “revolução digital” e traz algumas das inovações com as quais mais entramos em contato, como computadores, smartphones e Internet. E os efeitos da quarta revolução industrial? Você vai ver ao longo dos próximos tópicos.
Quais os benefícios?
A indústria 4.0 é marcada pela atuação de sistemas ciberfísicos, capazes de unir máquinas a processos digitais. Velocidade, impacto e alcance estão entre os principais termos para se referir à atuação da tecnologia e isso pode impactar até atividades cotidianas, como a gestão de motoristas.
A logística 4.0 não fica de fora e pode usufruir de tendências, como Internet das Coisas, comunicação M2M e máquinas que executam tarefas com pouca ou nenhuma intervenção humana. E quais são os benefícios?
A resposta depende do empenho no uso das tecnologias. Entre os mais citados, estão a otimização de processos, a integração, o aumento da segurança, a redução da burocracia, o foco na estratégia e por aí vai.
Por que se preparar?
A logística 4.0 exige preparação por corresponder a algumas das principais tendências da quarta revolução industrial. E quais são elas? A primeira é a interconexão. Isso significa que os objetos, os dispositivos e as pessoas passam a estar cada vez mais conectados e um exemplo dessa ideia é a Internet das Coisas.
A transparência de informações é outra tendência à qual a empresa vai precisar se adaptar. Esse ponto é uma consequência do anterior, já que a interconectividade traz à tona uma enorme quantidade de dados.
Sabe quando citamos os sistemas ciberfísicos? Então, um dos usos é a assistência técnica, ajudando os humanos a solucionarem problemas, resolverem tarefas difíceis e baratearem processos — um benefício, por exemplo, ao falar de custos de transporte. As decisões descentralizadas e a capacidade de escolha dos sistemas também estão entre as tendências.
Quais as melhores tecnologias?
A palavra “tecnologia” é uma das que mais se repetem quando falamos sobre logística 4.0 e não é por acaso — toda a indústria 4.0 é baseada nela. Mas, afinal, quais são as melhores? Chegou a hora de descobrir. Confira!
Machine learning
Já reparou que quanto mais tempo você fica em uma rede social, como o Instagram, mais o algoritmo parece saber sobre você? Isso é visível, por exemplo, nos itens que surgem no feed e na ordem de exibição dos stories.
Existe uma razão para a rede produzir esse efeito. Entre as tecnologias que fazem parte da sua programação, está o machine learning — uma forma de as máquinas simularem a capacidade de aprendizado dos seres humanos.
A ideia é reconhecer padrões não programados. Lembra-se de quando citamos a assistência técnica? O machine learning pode ser uma forma de implementar essa ideia e poupar uma boa dose de tempo.
Internet das Coisas
Você sabia que a água usada na irrigação de jardins públicos em alguns lugares da Espanha é controlada de forma digital? Ou que o monitoramento agrícola em alguns lugares de Israel é feito via software? Esses são alguns exemplos do uso da Internet das Coisas. Você talvez conheça usos mais simples, como smartwatches e óculos de realidade aumentada.
O princípio é transformar objetos cotidianos em dispositivos inteligentes, trazendo à tona sensores, softwares, interconexão e comunicação com outros aparelhos. Apesar do nome, a conexão não acontece necessariamente pela web.
O bluetooth, por exemplo, é usado em algumas aplicações de IoT e as “coisas” nada mais são que os objetos. Sabe as lâmpadas inteligentes que são acesas via aplicativo? A “coisa”, nesse caso, é a lâmpada — um item originalmente inanimado que tem o seu uso modificado graças à tecnologia.
Cloud computing
Cloud computing é um modelo de tecnologia mais difundido no Brasil e é possível ver usos variados, desde drives virtuais até o armazenamento de aplicações SaaS. A ideia é dispensar os limites dos hardwares e usar a web para hospedar arquivos.
A vantagem mais clara é a arbitrariedade geográfica. Se, antes, você precisava carregar um HD para onde fosse, agora, é possível apenas fazer um login e acessar as informações direto na web.
Talvez você faça uso da tecnologia todos os dias. Isso porque aplicações populares exemplificam a lógica da nuvem — serviços, como Spotify e Netflix, por exemplo, fizeram com que você deixasse de depender de mídias físicas para assistir a um filme ou ouvir uma música.
Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial é uma das formas de tecnologia mais antecipadas, tendo se tornado popular há um bom tempo graças aos filmes de ficção científica. No entanto, a ideia tem um uso real e bem cotidiano.
Ainda que não seja amplamente aplicável no século XX, a possibilidade de a Inteligência Artificial representar uma série de inovações já era conhecida e há várias observações famosas que apontam isso. Um exemplo é a previsão do fundador da Intel, Gordon Moore, de que o poder de processamento dos computadores aumentaria em progressão geométrica.
O termo “Inteligência Artificial” foi criado como oposição à inteligência natural demonstrada pelos seres humanos — nesse caso, máquinas que simulam funções “cognitivas”. Você pode ver essa ideia em prática nos assistentes virtuais, como a Alexa da Amazon, a Siri da Apple e a Cortana da Microsoft.
Big Data
Quando citamos a necessidade de a empresa se adaptar, falamos que a interconectividade ajudava a trazer à tona uma enorme quantidade de dados, certo? É hora de descobrir o que fazer com eles.
O Big Data é uma solução pensada justamente nisso. A ideia é interpretar inteligentemente grandes volumes de dados. Você pode estar pensando em algo como “Mas as aplicações comuns não fazem isso?”.
A diferença aqui é o fato de o Big Data processar dados com volume e complexidade acima dos softwares comuns. Um dos principais usos é em análise preditiva, ou seja, na antecipação de algum evento ou comportamento.
Realidade aumentada e virtual
A realidade virtual e a aumentada também são assuntos que frequentemente pintam nos filmes de ficção. A primeira tem um objetivo de imergir o usuário em um ambiente fictício criado em computador. Um exemplo são os óculos VR, criando em vídeos e jogos um ambiente inteiramente novo em visão 360°.
Já a realidade aumentada funciona de forma um pouco diferente. Não há um mundo novo criado, apenas a projeção de informações e de conteúdos no mundo real. Essa segunda tecnologia talvez você já tenha usado alguma vez.
Jogos, como Pokémon Go, e redes sociais populares, como Snapchat, trazem filtros e animações virtuais 3D projetadas na tela. E qual é o fundo? O que você quiser. Basta apontar a câmera e escolher.
Business Intelligence
Vamos supor que você esteja fazendo o planejamento logístico e queira realizar um estudo sobre, por exemplo, multas frequentes entre os caminhoneiros. Conseguiria se dar bem com as informações? Você já sabe que a interconectividade ajuda a trazer os dados à tona, e o Big Data, a processá-los.
Que tal aprender a lidar com eles de forma estratégica? É isso que propõe o Business Intelligence, mais uma das ferramentas que a transformação digital ajudou a incentivar. Diferentemente das outras ideias citadas no texto, o BI não é exatamente uma tecnologia, mas uma forma de lidar com ela.
Aqui, não é só feita a análise de dados, como a sua transformação em informações relevantes. Isso inclui algumas práticas que vão além de sentar na frente de um computador e mexer em um software, contando com ideias, como a elaboração de relatórios, a mineração de dados, o benchmarking, a gestão de desempenho e por aí vai.
Como preparar a empresa?
Começar uma mudança na cultura da empresa leva tempo e você pode iniciar mapeando os processos que já existem. Há alguns pontos em que prestar mais atenção pode ser útil, como você vai ver ao longo dos próximos tópicos.
Implemente as tecnologias
Ainda que nem sempre seja fácil de associar, as tecnologias da quarta revolução industrial podem ser muito úteis nos desafios cotidianos, por exemplo, para reduzir o consumo de combustível, antecipar gastos com pedágio e evitar surpresas com a tributação.
A Internet das Coisas, por exemplo, pode aparecer em paletes e contêineres inteligentes, transmitindo os dados mais importantes das remessas. Já a Inteligência Artificial emula o processo de decisão humano prevendo demandas, sugerindo a revisão e indicando a manutenção preditiva, além de analisar dados dos processos logísticos.
A tendência ainda é ter os documentos digitais definindo como o transporte rodoviário de cargas vai ser no futuro. Talvez você tenha dificuldades de imaginar um processo inovador com várias guias de remessa em papel espalhadas pela mesa.
Enfrente os desafios
A logística 4.0 não representa apenas benefícios e, como toda inovação, passa por cruzar desafios e evitar erros. O primeiro é econômico, representado pela necessidade de adaptar o modelo de negócio e pelo nível de investimento que toda essa tecnologia pode exigir.
Desafios sociais também pesam e é deles que vêm boa parte da percepção da sua marca. Lidar com dados massivos envolve um ônus — a preocupação com a privacidade e a desconfiança. Esse é um problema antigo e leis, como a europeia GDPR (General Data Protection Regulation) e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), trabalham justamente nessa direção.
Trazer tecnologia à tona ainda promove algumas inseguranças aos profissionais. A razão é o medo de perder o emprego para processos controlados por TI e isso é especialmente verdadeiro para trabalhadores do colarinho azul.
Mude se for necessário
Como boa parte dos conceitos da quarta revolução industrial, a logística 4.0 não é fixa. Na prática, a ideia está sempre em movimento, sendo constantemente reimplementada e se adaptando às novas exigências.
O importante é manter princípios da boa logística, como confiabilidade, qualidade, flexibilidade, disponibilidade de entrega e nível de serviço. A descentralização e a conectividade da logística 4.0 são apenas facilitadores.
A evolução dos primeiros processos industriais até a logística 4.0 foi longa e revelou um conceito rico em formas de tecnologia e exigente em termos de mudanças empresariais. Ainda assim, pode fazer a diferença, especialmente se você pensa em modernizar o controle de gestão de frota. Vale ficar de olho em outras formas de tecnologia que também são úteis. Sistemas de pagamento eletrônico de pedágios, por exemplo, são uma alternativa para evitar filas e agilizar as viagens.
E você? Quer ficar por dentro dos melhores materiais sobre transporte e gestão de frotas? Então, não deixe de curtir a nossa página no Facebook!